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Consequências do Vaticano II
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O Remédio da Misericórdia – I

As Escrituras não nos ensinam este remédio

Robert P. Banaugh, Ph.D.
Em seu discurso de abertura ao Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII instou os membros do Concílio, ao considerarem o tópico do erro e do pecado, a usar o remédio da misericórdia em vez de "os braços da severidade."

O desejo do Papa de "suavizar" os ensinamentos da Igreja a respeito do erro deriva de sua crença de que a sofisticação e a inteligência do homem moderno eram de tal ordem que o uso da severidade ao lidar com o erro era repelente para ele. Consequentemente, de acordo com o Papa, a Igreja deveria ser mais "misericordiosa" em seus ensinamentos sobre o erro, mostrando apenas a validade de seus ensinamentos. (1)

mercy popes

Os Papas conciliares promovem uma falsa noção de misericórdia

João XXIII manteve essa crença, apesar de ser obviamente contradita por fatos. Por exemplo, durante as décadas que precederam seu papado, o mundo sofreu duas guerras mundiais entre países governados por homens chamados inteligentes e sofisticados, mas milhões de pessoas, incluindo militares e civis inocentes, foram mortos. (2)

Em seu trabalho Iota Unum, Romano Amerio ressalta que o Papa, ao restringir a discussão do erro ao remédio da misericórdia, “reduz pela metade a quantidade de ajuda que pode ser oferecida, uma vez que restringe todo o dever da Igreja em relação à pessoa em erro à mera apresentação da verdade: isso é supostamente suficiente para desfazer o erro, sem se opor. O trabalho lógico da refutação deve ser omitido para dar lugar a uma mera 'didascalia' sobre a verdade, confiando que será suficiente destruir o erro e adquirir consentimento." (3)

O objetivo desta série é mostrar que a mudança drástica ao lidar com o erro levou à "ladeira escorregadia" da Igreja conciliar a um abandono quase total do propósito de Cristo para estabelecer Sua Igreja, que é dar honra e glória a Deus e a salvação das almas. (4)

As citações bíblicas a respeito da correção do erro são caracterizadas por clareza, severidade e misericórdia, e elas serviram de modelo para a correção do erro pela Igreja antes do Concílio.

Por exemplo, em relação aos que cometem pecados da carne, São Paulo declara que tais indivíduos ficam “cheios de toda iniquidade, malícia, fornicação, avareza, maldade: cheios de inveja, homicídios, contendas, engano, malignidade, mexeriqueiros, detratores, odiados por Deus, injuriadores, soberbos, altivos, inventores de maldades, desobedientes aos pais, insensatos, sem lealdade; sem afeto, sem lei, sem misericórdia. Os quais, tendo conhecido a justiça de Deus, não compreenderam que os que fazem tais coisas são dignos de morte; e não somente quem as faz, mas também quem aprova aqueles que as fazem.” (Rom 1:29-32)

end times

Os anjos sairão e separarão os ímpios dos justos, e os lançarão na fornalha de fogo

No que diz respeito ao pecado do adultério, São Tiago diz: “Adúlteros, não sabeis que a amizade deste mundo é inimiga de Deus? Portanto, todo aquele que quiser ser amigo deste século, constitui-se inimigo de Deus.” (Tiago 4: 4)

Sobre o pecado da hipocrisia, o próprio Jesus diz: “Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías, dizendo: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me prestam culto; as doutrinas que ensinam são preceitos humanos. E, chamando a si as turbas, disse-lhes: Ouvi e entendei. Não é aquilo que entra pela boca, que mancha o homem, mas aquilo que sai da boca, isto é que torna imundo o homem.” (Mt 15: 7-11)

Jesus condena o pecado da calúnia com estas fortes palavras: “Mas, as coisas que saem da boca, vêm do coração, e estas mancham o homem; porque do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as palavras injuriosas. Estas são as que mancham o homem. O comer, porém, com as mãos por lavar não mancha o homem.” (Mt 15: 18-20)

Em relação aos pecadores em geral, Jesus diz: “Será assim no fim do mundo, virão os anjos, separarão os maus do meio dos justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 13: 49-50).

Para aqueles que escandalizam “os pequeninos”, Jesus adverte: “Quem escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe atassem à roda do pescoço a mó que um asno faz girar e o lançassem ao mar.” (Mc 9:42)

A frase “escandalizam os pequeninos” refere-se não apenas às crianças, mas também aos fiéis, pois estes têm o direito de receber ensinamentos que não contradigam o Magistério da Igreja.

Um aviso desprezado

Esse direito foi confirmado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger em seu discurso à comunidade de St. Michael's College em Toronto, Canadá, em Abril de 1986. Ratzinger disse: “A hierarquia e a Igreja não devem escandalizar os 'pequeninos,' o dever principal da Igreja é proteger a Fé das pessoas comuns” e “os responsáveis não podem abusar da prontidão para ouvir os fiéis.” (5)

historic embrace of John Paul II with chief rabbi toaff

Três Papas conciliares dão falsos ensinamentos sobre ecumenismo: Acima, o abraço histórico de JPII em 1986 com o rabino-chefe na visita à Sinagoga de Roma

benedict XVI chief rabbi rome

Bento sorri e acena antes de entrar na Sinagoga de Roma em 2010

Francis synagogue rome chief rabbi

Francisco se inclina submisso diante do rabino-chefe na Sinagoga de Roma, Janeiro de 2016

Em seu discurso, o Cardeal também comentou o fracasso do Vaticano em enfrentar desvios progressistas. Ele disse: “O mito da severidade do Vaticano em face dos desvios progressistas tem se mostrado uma vazia especulação. Basicamente, a partir de hoje, apenas advertências foram emitidas [que não são] totalmente canônicas no sentido adequado.”

As palavras de Ratzinger foram um claro reconhecimento de que o Vaticano ainda não havia tomado nenhuma ação realmente eficaz para proteger as almas dos 'pequeninos’ dos muitos desvios doutrinários que colocam em risco a alma, tão comuns na Igreja conciliar. Para esclarecer o assunto, ele acrescentou:

“O mesmo Bispo, que antes do Concílio [Vaticano II] costumava expulsar um professor irrepreensível por um discurso um tanto rude, não está em posição de remover, depois do Concílio, um professor que nega abertamente alguma verdade fundamental da Fé.”

Esta declaração, feita pelo então Cardeal encarregado de preservar a integridade da Fé, foi uma franca admissão do colapso completo dentro da Igreja conciliar da integridade do ensino da fé.

Esta franca admissão do fracasso em impor a integridade do ensino da Fé também mostra que na Igreja conciliar, os desejos de teólogos e modernistas de promover falsos ensinamentos entre os “pequeninos” superam em muito qualquer consideração pelo efeito de tais ensinamentos falsos nas almas dos "pequeninos.”

As palavras de Ratzinger carregaram um senso de ironia, considerando que ele próprio, como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé e mais tarde como Papa Bento XVI, mostrou a mesma negligência para preservar a integridade da Fé que complacentemente observou em seu discurso (ver exemplos aqui, aqui e aqui). Ele seguiu incansavelmente a linha do pensamento progressista, promovendo continuamente a nova teologia, incentivando o ecumenismo e defendendo a liberdade religiosa.

Em outras palavras, a Igreja conciliar - que o Papa Ratzinger conta em número - está mais preocupado em proteger o ensino progressista venenoso do que impedi-lo! Por outras palavras, para a Igreja conciliar, proteger os promotores do desvio doutrinário é fundamental, enquanto proteger as almas dos “pequeninos” é, na melhor das hipóteses, muito secundário!

Continua

  1. Romano Amerio, Iota Unum, Um Estudo das Mudanças na Igreja Católica no século XX, KC: Sarto House, 1996, p. 80.
  2. Um desses horrores cometidos pelos chamados indivíduos inteligentes e sofisticados que contradizem a crença de João XXIII foi o estupro de Nanquim em 1937, onde 250.000 civis inocentes, principalmente mulheres e crianças, foram estuprados e mortos. Outro foi o Holodomor, que foi o extermínio por fome em 1932-1933 de 7 a 10 milhões de Católicos e os chamados ortodoxos por ordem do governo controlado pela Rússia. No total, os governos controlados pelos comunistas em todo o mundo foram diretamente responsáveis pela morte de mais de 100 milhões de pessoas inocentes. (The Black Book of Communism, Ed. by Stephane Courtois, Harvard Un Press, 1999).
  3. Romano Amerio, Iota Unum, p. 81.
  4. Ludwig Ott, Os fundamentos do Dogma Católico, TAN, 1960, p. 175.
  5. Ratzinger, "A Igreja como uma Dimensão Essencial da Teologia," Toronto Journal of Theology, vol 29, n. 2, Fall 2013, pp. 390-408.
Postado em 15 de janeiro de 2020