Histórias e Lendas
Milagres nas Cruzadas - 1
A descoberta da Santa Lança
na batalha de Antioquia
A caminho de Jerusalém, os cruzados pararam em Antioquia, um local estratégico que eles precisavam tomar como uma praça crucial para suprimentos, reforços e retirada. O primeiro cerco de Antioquia começou em 22 de outubro de 1097 e terminou em 2 de junho de 1098, com a tomada da cidade, com exceção da cidadela.
A segunda parte do cerco, que é o que nos ocupa aqui, é quando o grande exército do poderoso Emir Kerbogha chegou pouco depois da vitória dos cristãos em Antioquia.
Ele e seu exército massivo tentaram invadir a cidade em 7 de junho, mas fracassaram, e dois dias depois ele estabeleceu seu próprio cerco em torno de Antioquia. Agora eram os cruzados que estavam sob cerco.
Os cruzados sofriam a escassez de suprimentos e o fato de terem um exército menor. As forças de Kerbogha eram duas ou três vezes mais numerosas. Além disso, muitos cavaleiros cruzados perderam seus cavalos e foram "reduzidos a fracos e indefesos soldados de infantaria," como notou um cronista, diminuindo também o moral já fraco do campo.
Mas então, depois de três semanas, os cruzados decidiram fazer uma saída e entrar em batalha. A decisão era desesperada e a derrota parecia certa. No entanto, eles alcançaram uma vitória esmagadora com relativa facilidade.
Os historiadores modernos tentaram, sem sucesso, dar explicações práticas para a vitória: o moral ainda mais baixo dos turcos, as brigas intermináveis de seus líderes etc. Eles geralmente ignoram o que os cronistas medievais da batalha relataram como uma das principais causas da vitória: os milagres.
Alguns dias depois do cerco, Pedro Bartolomeu, um camponês da Provença, pediu para ver seu comandante, o Conde Raimundo de Aguilers, porque ele tinha notícias importantes.
Ao ser recebido em audiência pelo Conde juntamente com o Bispo Ademar de Puy, Pedro disse-lhes que Santo André lhe havia aparecido em uma visão na qual lhe mostrara o paradeiro da Santa Lança que perfurou o lado de Nosso Senhor na Cruz. O Conde Raimundo ficou impressionado e uma grande expectativa se espalhou entre os cruzados na cidade duramente cercada.
Um grupo foi ao local indicado e, para grande alegria de todos, a Lança foi achada. A descoberta da Lança impulsionou o moral de todos no acampamento cristão e deu-lhes a convicção de que Deus os ajudaria na batalha.
O que segue são trechos de um relato da crônica medieval
Gesta Francorum (Feitos Heróicos dos Francos), escrito por um autor anônimo por volta de 1100-1101:
Havia um certo peregrino de nosso exército, cujo nome era Pedro, a quem o Apóstolo Santo André apareceu antes de entrarmos na cidade e disse: "O que você está fazendo, bom homem?"
Pedro respondeu: "Quem é você?"
O Apóstolo lhe disse: "Eu sou Santo André Apóstolo. Saiba, meu filho, que quando você entrar na cidade [Antioquia], vá à Igreja de São Pedro. Lá você encontrará a Lança de nosso Salvador Jesus Cristo, com a qual Ele foi ferido quando estava pendente dos braços da Cruz."
Tendo dito isto, o Apóstolo imediatamente desapareceu.
Mas Pedro, com medo de revelar o conselho do Apóstolo, não estava disposto a contar a aparição aos peregrinos. No entanto, ele pensou que realmente tinha tido uma visão e disse: "Senhor, quem vai acreditar nisso?" Então, na mesma hora, Santo André levou-o para o local onde a Lança estava escondida no chão.
Quando [nós cruzados] nos encontrávamos pela segunda vez em situação tão desesperada, como dissemos acima, Santo André apareceu novamente, dizendo a Pedro: "Por que você ainda não tirou a Lança da terra como lhe ordenei? Saiba que na verdade aquele que carregar esta Lança em batalha nunca será derrotado pelo inimigo."
Pedro, de fato, revelou aos nossos homens o mistério do Apóstolo.
O povo, no entanto, não acreditava, mas recusava dizendo: "Como podemos acreditar nisso?" Pois eles estavam totalmente aterrorizados e pensavam que deviam morrer imediatamente.
Então, este homem Pedro apresentou-se e jurou que tudo era verdade e que, de fato, Santo André lhe havia aparecido duas vezes em visão e lhe dissera: "Levante-se. Vá e diga ao povo de Deus que não tema, mas confie firmemente com todo o coração no único Deus verdadeiro que eles serão vitoriosos em todos os lugares. Dentro de cinco dias o Senhor enviará a eles um sinal de que os fará felizes e alegres. E se eles quiserem lutar, que saiam imediatamente à batalha, todos juntos, e todos os seus inimigos serão derrotados, e ninguém ficará em pé contra eles."
Então, quando eles ouviram que seus inimigos seriam vencidos por eles, eles começaram imediatamente a se reanimar e encorajar uns aos outros, dizendo: "Estejam firmes, sejam corajosos e alertas, visto que o Senhor virá em nosso auxílio na próxima batalha e será de grande socorro para aqueles, que permanecem na tristeza."
Em vista disso, ao ouvir as declarações de Pedro Bartolomeu, que nos relatou a revelação de Cristo através das palavras do Apóstolo André, nós fomos imediatamente ao lugar na Igreja de São Pedro, que ele havia indicado.
Treze homens cavaram lá de manhã até as vésperas. E então aquele homem, Pedro, encontrou a Lança, exatamente onde ele havia indicado. Os outros a receberam com grande alegria e temor, e uma enorme alegria se espalhou em toda a cidade. E, a partir daquela hora, tomamos conselho de batalha entre nós.
Este milagre transformou o moral do exército sitiado de tal forma que, em 28 de junho de 1098, os cruzados saíram de Antioquia para dar batalha. Eles eram conduzidos por seu melhor soldado, o guerreiro normando Boemundo de Taranto, e a Santa Lança era levada pelas tropas de outro de seus principais comandantes, o Conde Raimundo de Aguilers.
Veremos no próximo artigo como o Céu enviou ajuda aos cruzados na batalha que se seguiu.
Continua
A segunda parte do cerco, que é o que nos ocupa aqui, é quando o grande exército do poderoso Emir Kerbogha chegou pouco depois da vitória dos cristãos em Antioquia.
Os cruzados sitiam Antioquia e tomam a cidade em 1098
Os cruzados sofriam a escassez de suprimentos e o fato de terem um exército menor. As forças de Kerbogha eram duas ou três vezes mais numerosas. Além disso, muitos cavaleiros cruzados perderam seus cavalos e foram "reduzidos a fracos e indefesos soldados de infantaria," como notou um cronista, diminuindo também o moral já fraco do campo.
Mas então, depois de três semanas, os cruzados decidiram fazer uma saída e entrar em batalha. A decisão era desesperada e a derrota parecia certa. No entanto, eles alcançaram uma vitória esmagadora com relativa facilidade.
Os historiadores modernos tentaram, sem sucesso, dar explicações práticas para a vitória: o moral ainda mais baixo dos turcos, as brigas intermináveis de seus líderes etc. Eles geralmente ignoram o que os cronistas medievais da batalha relataram como uma das principais causas da vitória: os milagres.
- O primeiro milagre que Nosso Senhor deu para elevar a moral e encorajar os líderes a entrar na batalha foi a descoberta da Santa Lança na Catedral de São Pedro, em Antioquia;
- O segundo milagre foi os soldados celestiais em cavalos brancos que surgiram das montanhas para ajudar os cruzados, carregando faixas brancas e liderados por São Jorge.
Alguns dias depois do cerco, Pedro Bartolomeu, um camponês da Provença, pediu para ver seu comandante, o Conde Raimundo de Aguilers, porque ele tinha notícias importantes.
Ao ser recebido em audiência pelo Conde juntamente com o Bispo Ademar de Puy, Pedro disse-lhes que Santo André lhe havia aparecido em uma visão na qual lhe mostrara o paradeiro da Santa Lança que perfurou o lado de Nosso Senhor na Cruz. O Conde Raimundo ficou impressionado e uma grande expectativa se espalhou entre os cruzados na cidade duramente cercada.
Um grupo foi ao local indicado e, para grande alegria de todos, a Lança foi achada. A descoberta da Lança impulsionou o moral de todos no acampamento cristão e deu-lhes a convicção de que Deus os ajudaria na batalha.
O bispo ergue a Santa Lança diante da multidão entusiasmada que se ajoelha em oração
Havia um certo peregrino de nosso exército, cujo nome era Pedro, a quem o Apóstolo Santo André apareceu antes de entrarmos na cidade e disse: "O que você está fazendo, bom homem?"
Pedro respondeu: "Quem é você?"
O Apóstolo lhe disse: "Eu sou Santo André Apóstolo. Saiba, meu filho, que quando você entrar na cidade [Antioquia], vá à Igreja de São Pedro. Lá você encontrará a Lança de nosso Salvador Jesus Cristo, com a qual Ele foi ferido quando estava pendente dos braços da Cruz."
Tendo dito isto, o Apóstolo imediatamente desapareceu.
Mas Pedro, com medo de revelar o conselho do Apóstolo, não estava disposto a contar a aparição aos peregrinos. No entanto, ele pensou que realmente tinha tido uma visão e disse: "Senhor, quem vai acreditar nisso?" Então, na mesma hora, Santo André levou-o para o local onde a Lança estava escondida no chão.
Quando [nós cruzados] nos encontrávamos pela segunda vez em situação tão desesperada, como dissemos acima, Santo André apareceu novamente, dizendo a Pedro: "Por que você ainda não tirou a Lança da terra como lhe ordenei? Saiba que na verdade aquele que carregar esta Lança em batalha nunca será derrotado pelo inimigo."
Pedro, de fato, revelou aos nossos homens o mistério do Apóstolo.
O povo, no entanto, não acreditava, mas recusava dizendo: "Como podemos acreditar nisso?" Pois eles estavam totalmente aterrorizados e pensavam que deviam morrer imediatamente.
A Santa Lança exibida no Palácio Real, Viena, Áustria
Então, quando eles ouviram que seus inimigos seriam vencidos por eles, eles começaram imediatamente a se reanimar e encorajar uns aos outros, dizendo: "Estejam firmes, sejam corajosos e alertas, visto que o Senhor virá em nosso auxílio na próxima batalha e será de grande socorro para aqueles, que permanecem na tristeza."
Em vista disso, ao ouvir as declarações de Pedro Bartolomeu, que nos relatou a revelação de Cristo através das palavras do Apóstolo André, nós fomos imediatamente ao lugar na Igreja de São Pedro, que ele havia indicado.
Treze homens cavaram lá de manhã até as vésperas. E então aquele homem, Pedro, encontrou a Lança, exatamente onde ele havia indicado. Os outros a receberam com grande alegria e temor, e uma enorme alegria se espalhou em toda a cidade. E, a partir daquela hora, tomamos conselho de batalha entre nós.
Este milagre transformou o moral do exército sitiado de tal forma que, em 28 de junho de 1098, os cruzados saíram de Antioquia para dar batalha. Eles eram conduzidos por seu melhor soldado, o guerreiro normando Boemundo de Taranto, e a Santa Lança era levada pelas tropas de outro de seus principais comandantes, o Conde Raimundo de Aguilers.
Veremos no próximo artigo como o Céu enviou ajuda aos cruzados na batalha que se seguiu.
Continua
Adaptado de August. C. Krey, A Primeira Cruzada: Os relatos de testemunhas oculares
e participantes, Princeton: 1921, pp. 174-176.
Postado em 6 de setembro de 2019
e participantes, Princeton: 1921, pp. 174-176.
Postado em 6 de setembro de 2019