Conversas com Janete
A Traição China-Vaticano - 3
Acompanhamento da China: Bispo preso,
Santuários destruídos
Minha amiga Janete perguntou recentemente se eu tinha ouvido mais notícias desde o desastroso acordo do Vaticano com a China que permite que a Associação Patriótica "Católica" Chinesa (CPA), controlada pelos comunistas, indique bispos e instrui a Igreja Subterrânea a se unir a ela (aqui e aqui).
Sua pergunta é um lembrete vívido de como a mídia Católica ignora firmemente os episódios tristes e desastrosos que estão ocorrendo na China agora. O acordo não amenizou a situação para a Igreja Subterrânea e permitir-lhe mais liberdade, que é o que Roma alegou que aconteceria. Na verdade, estamos vendo exatamente o oposto, algo que poderia ser facilmente previsto por qualquer pessoa com um conhecimento mediano dos assuntos da China.
A vida se tornou muito mais difícil para os membros da Igreja Católica “não oficial,” leais a Roma. A CPA intensificou o controle e a perseguição, relata o Asia News, e enfatizou que a nova suposta “Igreja Católica unida” é independente de Roma, apesar do acordo.
Bispo preso
A mídia passou em silêncio a notícia da prisão de um líder da Igreja Subterrânea, Bispo Shao Zhumin, pela polícia da China Comunista em 9 de novembro de 2018. Ele foi enviado a um campo para interrogatório e doutrinação no que é chamado de "período de férias."
O Bispo Shao, que foi levado e detido pela polícia pelo menos 5 vezes nos últimos dois anos, recusou-se repetidamente a ingressar na CPA dirigida pelo Comunismo. Os fiéis ficaram preocupados, pois não houve notícias do Bispo até 23 de novembro de 2018, quando foi libertado.
É incompreensível para mim como o sequestro de um conhecido Bispo na China para submetê-lo a dezenas de dias de doutrinação e possível tortura em uma prisão desconhecida não seja notícia mundial? E se isso acontecesse com um Bispo Italiano ou Canadense?
O Papa protestaria contra essa violação flagrante de liberdade religiosa e o mundo inteiro ficaria alvoroçado. Quando um Bispo clandestino desaparece na China, há apenas silêncio da mídia mundial e do Vaticano, que não quer perturbar seu novo acordo.
Em vez de protestos, os chamados especialistas em China minimizam os fatos da perseguição, dizendo que ela ocorre apenas em “alguns lugares.” Na realidade, há perseguições em muitas regiões: Hebei, Henan, Zhejiang, Shanxi, Guizhou, Mongólia Interior, Xinjiang, Hubei e certamente outras onde os relatos não foram divulgados.
Por exemplo, há mais de um mês, quatro sacerdotes da Igreja Subterrânea de Zhangjiakou (Hebei) foram mantidos em um lugar secreto, submetidos a doutrinação e lavagem cerebral para forçá-los a se juntar à CPA. Os quatro padres são Pe. Zhang Guilin e Pe. Wang Zhong, da antiga Diocese de Xiwanzi, Pe. Zhang He e Pe. Su Guipeng, da antiga Diocese de Xuanhua. Os reiterados pedidos de familiares e fiéis por informações sobre o seu paradeiro encontraram respostas evasivas por parte do governo.
Seu sequestro faz parte de uma nova campanha lançada pelo governo Chinês para “converter” os padres clandestinos “ilegais.” Isso significa que eles devem aceitar a liderança da CPA e concordar com os princípios de independência, autonomia e sinicização da CPA em relação a Roma.
Neste momento, os padres “clandestinos” estão sendo forçados a concelebrar com os Bispos “oficiais” liderados pelo regime Comunista e depois fotografados para convencer os fiéis a seguir seu exemplo. Esta coerção do clero para ingressar na CPA é justificada pelo fato de que o Papa assinou o acordo provisório Sino-Vaticano.
Destruição de santuários
Mais evidência da ousadia crescente do governo Comunista da China é a destruição de dois importantes santuários Marianos semanas depois que o Vaticano assinou o acordo com a China. Os santuários são Nossa Senhora das Sete Dores no vilarejo de Dongergou, na província Chinesa de Shanxi, e Nossa Senhora da Bem-aventurança, em Zhung Ke, nos subúrbios Oeste de Guizhou.
O Santuário de Nossa Senhora das Sete Dores fica - ou melhor, ficava - no topo de uma colina não muito longe da Igreja Dongergou. O caminho até a colina estava alinhado com as Estações da Cruz; a passagem para o santuário em si era ladeada por grandes estátuas de Anjos. Nos dias de festa de Nossa Senhora, os peregrinos vindos de todo o norte da China somavam dezenas de milhares.
O santuário foi construído no estilo arquitetônico tradicional Chinês, com pilares vermelhos e telhado de telha verde com beirais elevados, mas essa “sinicização” na arte não satisfez as autoridades comunistas. Foi arrasado, supostamente porque tinha "muitas estátuas." Uma desculpa estúpida dada a abundância de estátuas de líderes comunistas como Mao Tse Tung e Xi Jinping que se espalham pela paisagem da China. Você pode assistir a cena triste de guindastes levantando estátuas do santuário aqui.
O Santuário de Nossa Senhora da Bem-aventurança nas colinas ao norte de Guizhou é - ou era - uma gruta com uma grande escultura em pedra de Nossa Senhora e seu Filho. Abaixo da estátua estão inscritos em Chinês: "Rainha de Zhung Ke, rogai por nós." e a data de 1917, o ano das aparições de Fátima quando Nossa Senhora apareceu exortando os Católicos a rezar o Rosário para evitar um terrível castigo que ameaçava o mundo.
O santuário escapou da destruição durante a Revolução Cultural devido ao extraordinário esforço dos Católicos locais que o protegeram. Mas eles não foram capazes de evitar sua destruição pelas autoridades comunistas de hoje, que deram a desculpa de que não tinha as licenças de construção necessárias.
Na verdade, o objetivo final do governo Chinês é cada vez mais claro: destruir completamente a religião Católica e, principalmente, a devoção à Mãe de Deus. Uma meta agora mais alcançável desde que o apoio do Vaticano à CPA foi selado no recente acordo.
Mais uma vez, noto a falta de protesto das autoridades Católicas pelas demolições dos populares santuários Marianos. E se as autoridades governamentais tivessem destruído o Santuário Mariano de Nossa Senhora de Banneux na Bélgica, o Santuário de Nossa Senhora do Monte Carmelo em Malta ou Nossa Senhora das Vitórias em Paris? Imagine a confusão que os Católicos Ocidentais causariam. Mas na China a resposta é apenas um silêncio resignado, sinalizando uma conformidade não combativa por parte da Igreja às políticas antirreligiosas do regime Comunista.
Em vez de qualquer protesto, o Vaticano de Francisco convidou dois bispos da CPA para o recente Sínodo da Juventude (outubro de 2018) em Roma. Os bispos Joseph Guo Jincai e John Baptist Yang Xiaoting foram recebidos pessoalmente por Francisco, que os hospedou em sua residência e os visitou diariamente.
Isso é mais chocante quando se descobre que Guo foi ordenado na CPA sem a permissão papal. Sua excomunhão foi suspensa como parte do acordo de 22 de setembro e agora ele se tornou um importante “interlocutor” no Vaticano.
“Enquanto estávamos aqui (em Roma), convidamos Francisco para vir à China,” disse Guo ao Avvenire, o jornal diário da Conferência Episcopal Italiana. O Papa respondeu com um sorriso esperançoso, dizendo aos dois padres da ACP que uma viagem à China era “como a nossa presença aqui: antes impossível, agora se torna possível.”
Claramente, a nova perseguição e supressão da Igreja Subterrânea pela China foi varrida para debaixo do tapete pelo Vaticano em seu zelo traidor para restaurar os laços diplomáticos com a China.
Continua
“Dada a atualidade do tema deste artigo (28 de novembro de 2018), TIA do Brasil resolveu republicá-lo - mesmo se alguns dados são antigos - para benefício de nossos leitores.”
Sua pergunta é um lembrete vívido de como a mídia Católica ignora firmemente os episódios tristes e desastrosos que estão ocorrendo na China agora. O acordo não amenizou a situação para a Igreja Subterrânea e permitir-lhe mais liberdade, que é o que Roma alegou que aconteceria. Na verdade, estamos vendo exatamente o oposto, algo que poderia ser facilmente previsto por qualquer pessoa com um conhecimento mediano dos assuntos da China.
A vida se tornou muito mais difícil para os membros da Igreja Católica “não oficial,” leais a Roma. A CPA intensificou o controle e a perseguição, relata o Asia News, e enfatizou que a nova suposta “Igreja Católica unida” é independente de Roma, apesar do acordo.
Bispo preso
A mídia passou em silêncio a notícia da prisão de um líder da Igreja Subterrânea, Bispo Shao Zhumin, pela polícia da China Comunista em 9 de novembro de 2018. Ele foi enviado a um campo para interrogatório e doutrinação no que é chamado de "período de férias."
O Bispo Shao Zhumin, levado pela polícia Comunista da China, voltou para casa após semanas de interrogatório
É incompreensível para mim como o sequestro de um conhecido Bispo na China para submetê-lo a dezenas de dias de doutrinação e possível tortura em uma prisão desconhecida não seja notícia mundial? E se isso acontecesse com um Bispo Italiano ou Canadense?
O Papa protestaria contra essa violação flagrante de liberdade religiosa e o mundo inteiro ficaria alvoroçado. Quando um Bispo clandestino desaparece na China, há apenas silêncio da mídia mundial e do Vaticano, que não quer perturbar seu novo acordo.
Em vez de protestos, os chamados especialistas em China minimizam os fatos da perseguição, dizendo que ela ocorre apenas em “alguns lugares.” Na realidade, há perseguições em muitas regiões: Hebei, Henan, Zhejiang, Shanxi, Guizhou, Mongólia Interior, Xinjiang, Hubei e certamente outras onde os relatos não foram divulgados.
Um dos quatro padres, Pe. Zhang Guilin oficia uma Missa na Igreja Subterrânea
Seu sequestro faz parte de uma nova campanha lançada pelo governo Chinês para “converter” os padres clandestinos “ilegais.” Isso significa que eles devem aceitar a liderança da CPA e concordar com os princípios de independência, autonomia e sinicização da CPA em relação a Roma.
Neste momento, os padres “clandestinos” estão sendo forçados a concelebrar com os Bispos “oficiais” liderados pelo regime Comunista e depois fotografados para convencer os fiéis a seguir seu exemplo. Esta coerção do clero para ingressar na CPA é justificada pelo fato de que o Papa assinou o acordo provisório Sino-Vaticano.
Destruição de santuários
Mais evidência da ousadia crescente do governo Comunista da China é a destruição de dois importantes santuários Marianos semanas depois que o Vaticano assinou o acordo com a China. Os santuários são Nossa Senhora das Sete Dores no vilarejo de Dongergou, na província Chinesa de Shanxi, e Nossa Senhora da Bem-aventurança, em Zhung Ke, nos subúrbios Oeste de Guizhou.
A China destruiu recentemente o santuário de Nossa Senhora das Sete Dores, acima
O santuário foi construído no estilo arquitetônico tradicional Chinês, com pilares vermelhos e telhado de telha verde com beirais elevados, mas essa “sinicização” na arte não satisfez as autoridades comunistas. Foi arrasado, supostamente porque tinha "muitas estátuas." Uma desculpa estúpida dada a abundância de estátuas de líderes comunistas como Mao Tse Tung e Xi Jinping que se espalham pela paisagem da China. Você pode assistir a cena triste de guindastes levantando estátuas do santuário aqui.
O Santuário de Nossa Senhora da Bem-aventurança nas colinas ao norte de Guizhou é - ou era - uma gruta com uma grande escultura em pedra de Nossa Senhora e seu Filho. Abaixo da estátua estão inscritos em Chinês: "Rainha de Zhung Ke, rogai por nós." e a data de 1917, o ano das aparições de Fátima quando Nossa Senhora apareceu exortando os Católicos a rezar o Rosário para evitar um terrível castigo que ameaçava o mundo.
Nossa Senhora da Bem-aventurança, também demolida
Na verdade, o objetivo final do governo Chinês é cada vez mais claro: destruir completamente a religião Católica e, principalmente, a devoção à Mãe de Deus. Uma meta agora mais alcançável desde que o apoio do Vaticano à CPA foi selado no recente acordo.
Mais uma vez, noto a falta de protesto das autoridades Católicas pelas demolições dos populares santuários Marianos. E se as autoridades governamentais tivessem destruído o Santuário Mariano de Nossa Senhora de Banneux na Bélgica, o Santuário de Nossa Senhora do Monte Carmelo em Malta ou Nossa Senhora das Vitórias em Paris? Imagine a confusão que os Católicos Ocidentais causariam. Mas na China a resposta é apenas um silêncio resignado, sinalizando uma conformidade não combativa por parte da Igreja às políticas antirreligiosas do regime Comunista.
Representantes da CPA, Bispos Guo e Xiaoting, calorosamente recebidos no recente Sínodo do Vaticano
Isso é mais chocante quando se descobre que Guo foi ordenado na CPA sem a permissão papal. Sua excomunhão foi suspensa como parte do acordo de 22 de setembro e agora ele se tornou um importante “interlocutor” no Vaticano.
“Enquanto estávamos aqui (em Roma), convidamos Francisco para vir à China,” disse Guo ao Avvenire, o jornal diário da Conferência Episcopal Italiana. O Papa respondeu com um sorriso esperançoso, dizendo aos dois padres da ACP que uma viagem à China era “como a nossa presença aqui: antes impossível, agora se torna possível.”
Claramente, a nova perseguição e supressão da Igreja Subterrânea pela China foi varrida para debaixo do tapete pelo Vaticano em seu zelo traidor para restaurar os laços diplomáticos com a China.
Continua
“Dada a atualidade do tema deste artigo (28 de novembro de 2018), TIA do Brasil resolveu republicá-lo - mesmo se alguns dados são antigos - para benefício de nossos leitores.”
Postado em 12 de janeiro de 2022
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