Virtudes Católicas
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Caminhos Verdadeiros e Falsos para a Felicidade - IX
É Possível Recuperar a Inocência?
A primeira inocência se foi, tudo estaria perdido? É irrecuperável ou pode ser restaurada?
Sem dúvida, uma restauração pode ocorrer. Não se trata simplesmente de converter um pecador arrependido – embora a conversão certamente se relacione com o tema – mas de retornar ao estado primitivo de harmonia interna que constitui a inocência.
Segundo uma lenda bretã, em certo lugar da costa da Bretanha, na França, havia uma catedral – a Catedral de Ys – que havia sido engolida pelas águas. Todo o edifício foi tragicamente submerso no mar. É a famosa lenda da cathédrale engloutie, a mitológica catedral afundada da cidade de Ys.
De tempos em tempos, anjos tocavam os sinos das catedrais no fundo do mar. Esses belos sons subiram, camada por camada, até a superfície do mar. E os pescadores que por ali passavam numa tarde calma ouviam os misteriosos sinos a tocar no fundo do mar...
Diz o pescador que um dia a catedral – intacta sob as ondas do mar – voltará ao continente ainda mais bonita do que era antes.
Não há quem não perceba a extraordinária beleza, a extraordinária poesia desta lenda.
A primeira inocência não é algo que o Diabo possa arrancar completamente de nossa alma, mas permanece como uma cathédrale engloutie, uma catedral imersa nas águas do pecado, mas ainda existe em nós. De vez em quando, os sinos dessa inocência soam e nos fazem sentir alguma melodia interior, alguma nostalgia, alguma esperança, num bom momento que passa.
Qual de nós não sentiu isso? Certamente todos nós temos. Em que ocasiões? Nas mil ocasiões que a graça escolhe. Na Primeira Comunhão... e tantas outras vezes em nossas vidas.
O problema de restaurar a primeira inocência – usando a imagem da cathédrale engloutie – é fazer com que aquela catedral submersa, que é a inocência que conservamos dentro de nós nas águas do pecado, deixe de ser engloutie e ressuscite. Então as águas da catedral fluirão e brilharão à luz do sol. A catedral será restaurada.
É um perdão que nos conquista
Assim, o homem que perdeu a inocência ouve no fundo de sua alma, por assim dizer, os sinos daquela catedral submersa. Ele anseia pelo tempo em que aquela ordem primitiva habitou em seu espírito.
São anseios que salvam: Não há necessidade de chorarmos pelo paraíso perdido com o qual rompemos – e que também teria rompido conosco. Em vez disso, devemos pensar o contrário: esse paraíso não rompeu conosco e está constantemente batendo à nossa porta.
Esses anseios são os sinos da catedral submersa que se fazem ouvir.
Mais do que um perdão para reconquistar, é o perdão que nos reconquista.
É supérfluo dizer que isso não exclui o arrependimento de nossos pecados passados, o firme propósito de não cair novamente e a devida reparação. Também não exclui que tenhamos sempre que cultivar cuidadosa e atentamente os princípios da doutrina Católica e examiná-los para ter certeza de que tudo o que fazemos é correto. Mas há momentos na vida em que recebemos alguma ajuda sobrenatural que o mero raciocínio nunca poderia obter por si só.
É então necessário analisar o que está acontecendo em nós, para ver se os efeitos produzidos em nossas almas estão de acordo com a razão. Claro, se não forem, não devem ser aceitos. Mas se forem, podem ser o início de um caminho de refrigério, luz e paz.
Oração da Restauração a Nossa Senhora
Podemos e devemos pedir a Nossa Senhora a restauração da inocência. Devemos dirigir-lhe esta oração:
“Há momentos, minha Mãe, em que minha alma se sente, no que tem de mais fundo, tocada por uma saudade indizível. Tenho saudades da época em que eu Vos amava, e Vós me amáveis, na atmosfera primaveril de minha vida espiritual. Tenho saudades de Vós, Senhora, e do paraíso que punha em mim a grande comunicação que tinha convosco. Não tendes também Vós, Senhora, saudades desse tempo? Não tendes saudades da bondade que havia naquele filho que fui?
“Vinde, pois, ó melhor de todas as mães, e por amor ao que desabrochava em mim, restaurai-me: recomponde em mim o amor a Vós, e fazei de mim a plena realização daquele filho sem mancha que eu teria sido, se não fosse tanta miséria. Dai-me, minha Mãe, um coração arrependido e humilhado, e fazei luzir novamente aos meus olhos aquilo que, pelo esplendor de vossa graça, eu começara a amar tanto e tanto!... Lembrai-Vos, Senhora, deste David e de toda a doçura que nele púnheis. Assim seja.”
Continua
Sem dúvida, uma restauração pode ocorrer. Não se trata simplesmente de converter um pecador arrependido – embora a conversão certamente se relacione com o tema – mas de retornar ao estado primitivo de harmonia interna que constitui a inocência.
A catedral subaquática de Ys
De tempos em tempos, anjos tocavam os sinos das catedrais no fundo do mar. Esses belos sons subiram, camada por camada, até a superfície do mar. E os pescadores que por ali passavam numa tarde calma ouviam os misteriosos sinos a tocar no fundo do mar...
Diz o pescador que um dia a catedral – intacta sob as ondas do mar – voltará ao continente ainda mais bonita do que era antes.
Não há quem não perceba a extraordinária beleza, a extraordinária poesia desta lenda.
A primeira inocência não é algo que o Diabo possa arrancar completamente de nossa alma, mas permanece como uma cathédrale engloutie, uma catedral imersa nas águas do pecado, mas ainda existe em nós. De vez em quando, os sinos dessa inocência soam e nos fazem sentir alguma melodia interior, alguma nostalgia, alguma esperança, num bom momento que passa.
Qual de nós não sentiu isso? Certamente todos nós temos. Em que ocasiões? Nas mil ocasiões que a graça escolhe. Na Primeira Comunhão... e tantas outras vezes em nossas vidas.
O problema de restaurar a primeira inocência – usando a imagem da cathédrale engloutie – é fazer com que aquela catedral submersa, que é a inocência que conservamos dentro de nós nas águas do pecado, deixe de ser engloutie e ressuscite. Então as águas da catedral fluirão e brilharão à luz do sol. A catedral será restaurada.
É um perdão que nos conquista
Assim, o homem que perdeu a inocência ouve no fundo de sua alma, por assim dizer, os sinos daquela catedral submersa. Ele anseia pelo tempo em que aquela ordem primitiva habitou em seu espírito.
A saudade de um momento de inocência, como a Primeira Comunhão, pode ajudar a restaurá-la
Esses anseios são os sinos da catedral submersa que se fazem ouvir.
Mais do que um perdão para reconquistar, é o perdão que nos reconquista.
É supérfluo dizer que isso não exclui o arrependimento de nossos pecados passados, o firme propósito de não cair novamente e a devida reparação. Também não exclui que tenhamos sempre que cultivar cuidadosa e atentamente os princípios da doutrina Católica e examiná-los para ter certeza de que tudo o que fazemos é correto. Mas há momentos na vida em que recebemos alguma ajuda sobrenatural que o mero raciocínio nunca poderia obter por si só.
É então necessário analisar o que está acontecendo em nós, para ver se os efeitos produzidos em nossas almas estão de acordo com a razão. Claro, se não forem, não devem ser aceitos. Mas se forem, podem ser o início de um caminho de refrigério, luz e paz.
Oração da Restauração a Nossa Senhora
Podemos e devemos pedir a Nossa Senhora a restauração da inocência. Devemos dirigir-lhe esta oração:
“Vinde, pois, ó melhor de todas as mães, e por amor ao que desabrochava em mim, restaurai-me: recomponde em mim o amor a Vós, e fazei de mim a plena realização daquele filho sem mancha que eu teria sido, se não fosse tanta miséria. Dai-me, minha Mãe, um coração arrependido e humilhado, e fazei luzir novamente aos meus olhos aquilo que, pelo esplendor de vossa graça, eu começara a amar tanto e tanto!... Lembrai-Vos, Senhora, deste David e de toda a doçura que nele púnheis. Assim seja.”
Continua
Postado em 6 de junho de 2022
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