Virtudes Católicas
Caminhos Verdadeiros e Falsos para a Felicidade - XIII
Uma Sociedade Temporal Bem Ordenada é
um Símbolo de Deus
Conforme estabelecido no último artigo, há um aspecto sacral na sociedade temporal que deve ser objeto de nossa contemplação para conhecer mais perfeitamente a criação de Deus.
Obviamente, devemos estar abertos sobretudo à contemplação de Deus nos mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, Nossa Senhora, a Igreja e outros temas religiosos. Esses assuntos, no entanto, estão fora do escopo deste estudo, que tem como objeto a ordem do universo temporal. Por esta razão, não vou abordá-los aqui.
Poder-se-ia objetar imediatamente: já que a esfera religiosa está tão acima do temporal, não há necessidade de perder tempo com este último!
Isto não é assim. Muitas vezes, os erros que afligiram a Igreja ao longo de sua História nasceram na sociedade temporal. Por exemplo, as piores tendências do progressismo moderno emanam diretamente do espírito da Revolução Francesa.
Além disso, há um fato elementar que é facilmente verificável: pelo menos 80% da vida de um leigo Católico comum não se passa na igreja, mas na sociedade civil. Além disso, as questões temporais são mais frequentemente decisivas na vida de uma pessoa.
Mas há mais. Uma sociedade temporal bem ordenada é um símbolo de Deus e da ordem que Deus colocou no universo. Como tal, ajuda a tornar as almas mais receptivas à virtude e mais modeladas por ela.
Pio XII reprovou "um certo espiritualismo," que, "uma vez adotado na esfera Católica, causa graves danos à causa de Cristo e do Divino Criador do universo." Ele é bastante claro: "Intervir no mundo para manter a ordem divina é um direito e um dever, que são intrinsecamente responsabilidade do Cristão" [grifo nosso]. (Rádio mensagem de Natal de 1957)
Em outras palavras, o horizonte do leigo não pode se limitar à sua própria vida espiritual. O sentido da vida terrena não se restringe a uma acomodação a este mundo, onde a Igreja e seus filhos possam viver confortavelmente com uma ordem mínima.
Em outras palavras, a sociedade temporal não é o hotel da Igreja. À primeira vista, para muitos pode parecer assim, dado o caráter divino da Igreja e sua importância transcendental. Poderia ser visto até como uma honra para a sociedade temporal exercer esse papel. Mas esta formulação é muito simples.
Nas grandes águas da contemplação espiritual, temos muitos tratados de Santos e grandes autores. O mesmo não acontece, porém, no campo da vida terrena, que é, no entanto, de fundamental importância.
Embora devamos ser grandes admiradores dos Santos que restringiram sua ação à esfera religiosa, é natural que a atividade dos leigos esteja particularmente voltada para o mundo temporal.
Além do aspecto diretamente religioso de uma vida de piedade Católica, nosso espírito deve elevar-se a elucubrações muito mais altas sem nunca perder o senso da realidade em que agimos. Isso não significa que devemos nos permitir cair em devaneios ou fantasias inúteis e estéreis, mas sim que devemos nos comprometer a mergulhar continuamente nas coisas de Deus.
Portanto, para que haja vida Católica na sociedade – isto é, para que haja cultura Católica, arte Católica, vida familiar Católica, ambientes Católicos, tradições Católicas – a participação dos leigos Católicos na esfera temporal é de suma importância. "Intervir no mundo," como dizia Pio XII, é extremamente importante para a formação ou deformação dos fiéis. E é preciso dedicar uma atenção proporcional à sua importância.
A investida secular se opõe à sacralização
Há uma palavra-chave para entender, por contraste, tanto o que significa sacral quanto a que se refere precisamente quando se fala em contemplação. Essa palavra é laicismo.
A palavra laicismo pode ter diferentes interpretações. Uma corresponde à distinção entre as esferas espiritual e temporal, seguindo o princípio enunciado por Nosso Senhor Jesus Cristo: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mt 22,21; Mc 12,17; Lc 20,25). Os últimos Papas designaram esta distinção como um laicismo saudável.
Outra interpretação é a do agnosticismo, do Estado, que quer construir um mundo como se Deus não existisse. Esta concepção foi condenada por todos os Papas desde Gregório XVI no século 19, quando a questão era mais aguda.
Será útil, ainda que de passagem, dar uma olhada rápida na investida secular que infecta nossos dias, que é o oposto do que desejaríamos. Muitas vezes é mais fácil entender um conceito comparando-o com seu oposto.
Um Estado agnóstico não reconhece nenhuma religião e é, portanto, indiferente a questões religiosas. Isso implica uma posição relativista em relação à verdade e ao erro, ao bem e ao mal, à beleza e à feiura. Ora, um Estado sem um ideal de verdade e beleza é como um guia ou um viajante que vagueia sem rumo, ou um artista que pinta ou esculpe sem a intenção de representar qualquer figura.
Tal Estado sem objetivo é precisamente o que o secularismo está impondo ao mundo inteiro.
Infelizmente, muitos que nasceram em tal mundo já se acostumaram a ele. Contra tal homem fazemos nosso protesto, que é um ato de reparação pela injúria contra Deus, uma proclamação de não conformidade com essa mentalidade e, mais ainda, um pré-anúncio da vitória final de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Os ídolos pagãos do secularismo moderno
O secularismo é cada vez mais difundido e invasivo. Permeou mentalidades, cultura, arte, relações sociais, numa palavra, toda a nossa vida. Agora, a esse respeito, secularização na verdade significa paganização.
Quer obstruir a liberdade de consciência, a defesa da família e o direito de educar os filhos segundo a Moral Católica. A Moral Católica é excluída do panorama de uma nação na tentativa de anular a distinção entre o bem e o mal.
Na medida em que o Homem-Deus é empurrado para as sombras, o lugar deixado vazio por Ele se enche de “valores” muito concretos, palpáveis, às vezes glorificados como se fossem abstrações pomposas: a Economia, a Saúde, o Sexo, a Máquina, e tantos outros.
Ao contrário do que acontecia na época clássica, esses "valores" não são personificados em deuses nem incorporados em estátuas. Isso, porém, não os impede de serem autênticos ídolos pagãos de nosso infeliz mundo secularizado.
Não há razão, portanto, para não chamá-lo de paganismo, porque os ídolos estão lá!
A condenação do secularismo pela Igreja deve nos comover por dois motivos: primeiro, favorece a luta contra as forças anticatólicas; segundo, confirma a tese de que a esfera temporal deve refletir também a grandeza do Deus Altíssimo.
Continua
Obviamente, devemos estar abertos sobretudo à contemplação de Deus nos mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, Nossa Senhora, a Igreja e outros temas religiosos. Esses assuntos, no entanto, estão fora do escopo deste estudo, que tem como objeto a ordem do universo temporal. Por esta razão, não vou abordá-los aqui.
A Revolução Francesa influenciou a esfera espiritual: acima, a Marcha sobre Versalhes; abaixo, Lady Liberty cercada por símbolos maçônicos
Isto não é assim. Muitas vezes, os erros que afligiram a Igreja ao longo de sua História nasceram na sociedade temporal. Por exemplo, as piores tendências do progressismo moderno emanam diretamente do espírito da Revolução Francesa.
Além disso, há um fato elementar que é facilmente verificável: pelo menos 80% da vida de um leigo Católico comum não se passa na igreja, mas na sociedade civil. Além disso, as questões temporais são mais frequentemente decisivas na vida de uma pessoa.
Mas há mais. Uma sociedade temporal bem ordenada é um símbolo de Deus e da ordem que Deus colocou no universo. Como tal, ajuda a tornar as almas mais receptivas à virtude e mais modeladas por ela.
Pio XII reprovou "um certo espiritualismo," que, "uma vez adotado na esfera Católica, causa graves danos à causa de Cristo e do Divino Criador do universo." Ele é bastante claro: "Intervir no mundo para manter a ordem divina é um direito e um dever, que são intrinsecamente responsabilidade do Cristão" [grifo nosso]. (Rádio mensagem de Natal de 1957)
Em outras palavras, o horizonte do leigo não pode se limitar à sua própria vida espiritual. O sentido da vida terrena não se restringe a uma acomodação a este mundo, onde a Igreja e seus filhos possam viver confortavelmente com uma ordem mínima.
Em outras palavras, a sociedade temporal não é o hotel da Igreja. À primeira vista, para muitos pode parecer assim, dado o caráter divino da Igreja e sua importância transcendental. Poderia ser visto até como uma honra para a sociedade temporal exercer esse papel. Mas esta formulação é muito simples.
Nas grandes águas da contemplação espiritual, temos muitos tratados de Santos e grandes autores. O mesmo não acontece, porém, no campo da vida terrena, que é, no entanto, de fundamental importância.
Do Palácio Ducal em Veneza veio uma ordem direta da cidade-estado
Além do aspecto diretamente religioso de uma vida de piedade Católica, nosso espírito deve elevar-se a elucubrações muito mais altas sem nunca perder o senso da realidade em que agimos. Isso não significa que devemos nos permitir cair em devaneios ou fantasias inúteis e estéreis, mas sim que devemos nos comprometer a mergulhar continuamente nas coisas de Deus.
Portanto, para que haja vida Católica na sociedade – isto é, para que haja cultura Católica, arte Católica, vida familiar Católica, ambientes Católicos, tradições Católicas – a participação dos leigos Católicos na esfera temporal é de suma importância. "Intervir no mundo," como dizia Pio XII, é extremamente importante para a formação ou deformação dos fiéis. E é preciso dedicar uma atenção proporcional à sua importância.
A investida secular se opõe à sacralização
Há uma palavra-chave para entender, por contraste, tanto o que significa sacral quanto a que se refere precisamente quando se fala em contemplação. Essa palavra é laicismo.
O homem moderno é relativista em relação à Moral Católica: acima, uma clínica de aborto; abaixo, um comício de direitos 'gay'
Outra interpretação é a do agnosticismo, do Estado, que quer construir um mundo como se Deus não existisse. Esta concepção foi condenada por todos os Papas desde Gregório XVI no século 19, quando a questão era mais aguda.
Será útil, ainda que de passagem, dar uma olhada rápida na investida secular que infecta nossos dias, que é o oposto do que desejaríamos. Muitas vezes é mais fácil entender um conceito comparando-o com seu oposto.
Um Estado agnóstico não reconhece nenhuma religião e é, portanto, indiferente a questões religiosas. Isso implica uma posição relativista em relação à verdade e ao erro, ao bem e ao mal, à beleza e à feiura. Ora, um Estado sem um ideal de verdade e beleza é como um guia ou um viajante que vagueia sem rumo, ou um artista que pinta ou esculpe sem a intenção de representar qualquer figura.
Tal Estado sem objetivo é precisamente o que o secularismo está impondo ao mundo inteiro.
Infelizmente, muitos que nasceram em tal mundo já se acostumaram a ele. Contra tal homem fazemos nosso protesto, que é um ato de reparação pela injúria contra Deus, uma proclamação de não conformidade com essa mentalidade e, mais ainda, um pré-anúncio da vitória final de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Os ídolos pagãos do secularismo moderno
O secularismo é cada vez mais difundido e invasivo. Permeou mentalidades, cultura, arte, relações sociais, numa palavra, toda a nossa vida. Agora, a esse respeito, secularização na verdade significa paganização.
Quer obstruir a liberdade de consciência, a defesa da família e o direito de educar os filhos segundo a Moral Católica. A Moral Católica é excluída do panorama de uma nação na tentativa de anular a distinção entre o bem e o mal.
Ídolos modernos do secularismo
Ao contrário do que acontecia na época clássica, esses "valores" não são personificados em deuses nem incorporados em estátuas. Isso, porém, não os impede de serem autênticos ídolos pagãos de nosso infeliz mundo secularizado.
Não há razão, portanto, para não chamá-lo de paganismo, porque os ídolos estão lá!
A condenação do secularismo pela Igreja deve nos comover por dois motivos: primeiro, favorece a luta contra as forças anticatólicas; segundo, confirma a tese de que a esfera temporal deve refletir também a grandeza do Deus Altíssimo.
Continua
Postado em 1 de agosto de 2022