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Virtudes Católicas

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Trio de Virtudes Contrarrevolucionárias - II

A falta de vigilância e o
papel da 'heresia branca'

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
No último artigo vimos o grande fervor religioso que se reacendeu na Guerra Civil Espanhola na luta contra o comunismo e contrastamos com o espírito pró-comunista que encontramos hoje.

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Piedade religiosa, mas a falta de vigilância levou ao socialismo na Espanha

O que podemos ver em todo este panorama? Um grande fervor religioso – uma grande graça para a Espanha – que desapareceu completamente.

E por que desapareceu? Foi por falta de oração? Eu diria que foi algo mais, pois a Espanha era um país onde havia muita oração. O problema é que quem fala em oração precisa seguir todo o conselho de Nosso Senhor que nos disse: "Vigiai e orai" (Mt 26,41). Eles oram, mas não vigiam; eles desenvolvem um espírito de oração, mas não desenvolvem o espírito de vigilância.

Quer dizer, eles não tinham a necessária suspeita daqueles que são maus; não se preocuparam em perceber suas manobras, em desvendar seu jogo ou em fazer seu próprio jogo contra ele, o que teria permitido que o mal fosse percebido e evitado.

Mas, a maior parte dos espanhóis não agia assim. Eles tinham um tesouro que não guardavam em local seguro, mas deixavam no meio da rua para qualquer ladrão levar. O tesouro da Espanha eram suas qualidades morais, sua fraqueza era a falta de vigilância.

Essa magnífica onda de heroísmo foi aniquilada e em poucos anos foi reduzida a quase nada. No exemplo da Espanha, podemos ver uma das piores lacunas da "heresia branca." (1) O contrário disso deve ser uma das características do católico contrarrevolucionário.

Nota 1: "Heresia branca" é um jargão entre os contrarrevolucionários que indica uma mentalidade sentimental que se manifesta principalmente como uma doce piedade e uma posição doutrinária não militante e relativista, que sempre dá desculpas para os outros, inclusive inimigos, sob o pretexto que eles merecem "caridade." Essa mentalidade abre caminho para a heresia propriamente dita. Então, essa preparação tendenciosa para a verdadeira heresia – a “heresia negra” – é chamada de “heresia branca.”

Desconfiado, vigilante, combativo

O contrarrevolucionário é vigilante, desconfiado, combativo. O não contrarrevolucionário não é vigilante, nem desconfiado, nem combativo. Colocar essas características na ordem correta: desconfiado, vigilante, combativo.

Desconfiado

O que é desconfiado? É a persuasão habitual de que vivemos em um vale de lágrimas. E que neste vale de lágrimas – que é esta terra onde se vive em estado de provação, em estado de pecado original – o homem carrega dentro de si o pecado da Revolução. Ele é continuamente flanqueado e cercado por perigos: perigos tanto de dentro quanto de fora, aos quais é preciso estar continuamente atento e alerta. Esta é a ideia fundamental.

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O homem vigilante acredita e observa

Na vida espiritual, cada um de nós deve ter em relação a si mesmo – e não me cansarei de dizer isto – a desconfiança que um homem tem em relação a uma fera ou a uma serpente. Uma fera e uma serpente estão dentro de mim e dentro de cada um de nós. Se eu relaxar em minha vigilância, por menor que seja, farei concessões; se eu fizer concessões, alimentarei minhas faltas. Se eu alimentar minhas faltas, não terei forças para superá-las e minha vida espiritual cairá por terra.

Preciso estar muito vigilante, ter os olhos abertos e continuamente voltados para mim, para ver o que estou sentindo, o que está acontecendo dentro de mim, para cortar o mal que está sempre renascendo.

O homem bom não é o tolo e ingênuo que pensa que as más tendências não renascem dentro de si. O homem bom é o homem sério, que sabe que essas tendências renascem e que ele deve lutar continuamente contra si mesmo. Todo homem tem más tendências que, se ele concordar com elas, rapidamente o levarão à infâmia. Esta é a noção que cada um de nós deve ter de si mesmo. Como consequência desta desconfiança que cada um deve ter de si mesmo, nasce o dever de vigilância, pois quem desconfia está vigilante.

Vigilante

O que é ser vigilante? É estar vigilante, atento, desperto, em estado de vigilância constante. O homem atento observa. Ele diz a si mesmo: Como sei que tenho em mim uma fonte contínua dos piores defeitos já prontos para vir à tona, devo me vigiar. Se eu não estiver vigilante sobre mim mesmo, cairei. O fruto lógico da desconfiança – a desconfiança como corolário da crença no dogma do pecado original – é a vigilância sobre si mesmo.

Combativo

A vigilância é suficiente? Não. É preciso ser combativo. E o que é o homem combativo? É o homem que normalmente e de forma estável está preparado para entrar em uma luta a qualquer momento. Mesmo que seja uma luta muito difícil, ele não hesita em entrar. Se for preciso, ele luta. Não é o cretino que luta sem motivo, é o homem que luta porque é seu dever fazê-lo.

Plinio Correa de Oliveira

O homem combativo é desconfiado, vigilante e sempre pronto para entrar na luta quando necessário

Nossa combatividade em relação a nós mesmos implica que estamos dispostos a lutar contra nós mesmos o tempo todo. Devemos estar dispostos a dizer "não" a nós mesmos a cada momento. A primeira pessoa que tenho que saber dizer "não" sou eu mesmo, não o outro.

É inútil ser enérgico com os outros, dizer "não" aos outros, ser combativo com os outros: isso é fácil. O problema é ser combativo comigo mesmo, dizer a mim mesmo "não" quando "não" deve ser dito. E fazer isso em todos os casos em que é necessário dizer "não" e no momento em que "não" deve ser dito.

O homem combativo luta contra seus defeitos assim que eles aparecem. Assim que a vigilância aponta para o renascimento de uma má tendência, o homem combativo a sufoca, a nega, a corta. Se ele não fizer isso, ele perece, porque a má tendência cresce e o enfraquece. As más tendências devem ser combatidas no seu surgimento, na primeira inclinação, no primeiro momento. Não pode ser de outra forma.

Virilidade, fruto da vigilância

Os senhores viram aqui a trilogia da vigilância aplicada à vida interior. Infelizmente, o que caracterizou a mídia católica dos últimos 20 ou 30 anos anteriores ao maremoto progressista foi a falta dessas qualidades.

As pessoas tinham virtude, mas careciam de vigilância. Não se falava em vigilância em nenhum sentido da palavra. A piedade era doce, sem fibra, sem masculinidade. E a piedade precisa ter essa virilidade. O primeiro momento da masculinidade é estar vigilante consigo mesmo. Esse é o ponto de partida da verdadeira virilidade.

Continua


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Postado em 29 de maio de 2023