No livro Revolução e Contra-Revolução, mostra-se como a Revolução é um massivo movimento diabólico que tomou conta do mundo contemporâneo e que tem duas causas morais: o orgulho e a sensualidade.
O grande Cruzado Godofredo de Bouillon atribuiu sua força à sua castidade |
Já falamos muito sobre orgulho no dia a dia, mas falamos muito menos sobre sensualidade, pois é um assunto delicado. Como vocês estão reunidos aqui para uma semana de estudos para jovens, uma palestra sobre sensualidade - o oposto da pureza - é essencial. Assim, quanto ao tema da pureza, tratarei hoje da relação entre espírito e matéria na formação dos jovens.
Quando se aborda o tema da pureza, duas posições erradas devem ser evitadas.
A primeira é a posição adotada até algum tempo atrás, segundo a qual pais, professores e líderes juvenis nunca abordaram o tema da pureza com seus filhos, alunos ou seguidores. Nas aulas de catecismo, uma breve menção era feita de passagem e isso era tudo. O resultado foi que uma pessoa nunca recebeu uma orientação clara sobre a pureza.
A segunda é a orientação oposta, muito pior que a primeira, segundo a qual católicos progressistas discutem questões de pureza o tempo todo. Eles abordam o assunto em linguagem vulgar e vil, em termos que estimulam a sensualidade em vez de ajudar a controlá-la.
A abordagem aconselhada pelo Papa Pio XI em sua Encíclica Casti connubii é que é diferente de ambas as posições erradas. Segundo ela, a questão da pureza deve ser tratada com clareza, em linguagem elevada e em audiências onde apenas pessoas do mesmo sexo estejam presentes. Os rapazes devem saber tudo o que é necessário para eles saberem sobre isso.
Pecados contra a pureza
Portanto, abordarei algumas razões pelas quais alguém deve ser puro. O que a Igreja quer dizer quando nos ordena a manter nossa pureza? O que é pureza? Por que alguém deveria ser puro? Por que isso é algo nobre, santo e piedoso?
Se soubermos as respostas a essas perguntas, poderemos admirar mais essa virtude. Admirando-a, teremos mais entusiasmo por ela e poderemos tomar uma decisão mais forte para praticá-la
Existem dois Mandamentos da Lei de Deus que tratam da pureza. Eles são o sexto: “Não pecarás contra a castidade” e o nono: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo.”
O que é pecar contra a castidade?
Diretamente é praticar o ato sexual fora do casamento. Por ato sexual entende-se aqui o ato sexual com uma pessoa do outro sexo. Entende-se também que o ato sexual dentro do casamento não é pecado, mas faz parte do plano de Deus que disse: “Vá, cresça e multiplique.” Portanto, dentro do casamento é considerado um ato honesto e comum. Fora do casamento, quem o pratica comete pecado.
Por causa da extensa compreensão de São João, fruto de sua pureza, ele foi comparado à águia |
Quando esse ato é praticado com uma pessoa do mesmo sexo, é sempre pecado porque é contra a natureza. Portanto, é absolutamente proibido em qualquer ocasião ou em qualquer circunstância.
Também pecaminoso e proibido é o que se chama de pecado solitário, ou seja, quando uma pessoa por sua própria ação provoca um prazer análogo ao ato sexual. É o que se chama masturbação e também é pecado.
Estes são os pecados mortais básicos contra a pureza proibidos pelo sexto mandamento.
O Nono Mandamento proíbe alguém de desejar a mulher do próximo. Incluído nesta proibição está qualquer ato sexual entre uma pessoa casada e qualquer outra pessoa, exceto seu cônjuge. Quando alguém quebra esta lei, ele comete adultério.
Os pecados contra esses dois mandamentos podem ser por pensamentos, palavras e ações. É pecado por pensamento quando uma pessoa voluntariamente dirige sua atenção para algo imoral; é pecado por palavras quando uma pessoa fala obscenamente ou fala com outras sobre imoralidades; é pecado por ação quando pratica o ato sexual.
Por que essas coisas são proibidas?
Agora devemos abordar a questão de por que essas coisas são pecados e por que Deus as proibiu quando nos deu Seus Mandamentos.
Per se o ato sexual não é pecaminoso. É um ato fisiológico que está de acordo com uma aptidão natural que Deus deu ao homem e à mulher para cumprir o preceito que deu aos nossos primeiros pais no Gênesis: “Cresça e multiplique.” A humanidade cresce e se multiplica pela prática do ato sexual. Então, a prática desse ato não é pecaminosa em si.
É uma glória não praticá-lo – como veremos mais adiante nesta série – mas não é vergonhoso praticá-lo. Porém, como todo ato natural, este só é legítimo quando praticado para atingir o fim para ele estabelecido na natureza. Quando é praticado fora desse fim, torna-se pecado.
De acordo com as leis da natureza, somente através do ato da procriação a humanidade pode se perpetuar. Assim, este ato deve ser exercido em condições que dê uma prole farta e saudável e também bem criada. Isso porque o complemento natural da paternidade é a educação dos filhos. Portanto, se a prole não for abundante, saudável e bem criada, chega-se ao contrário do que é exigido pela natureza. Ora, somente dentro do casamento tal descendência pode ser criada. É por isso que o casamento é a condição que legitima esse ato.
Quando falo em casamento, refiro-me a um matrimônio indissolúvel, um único casamento sem nenhum outro casamento e, portanto, sem divórcio. Este é o único casamento que está de acordo com a função natural de perpetuação da espécie.
Porque isto é assim? Examinarei esse tópico no próximo artigo.
Continua
Esta palestra para jovens proferida em 1967 foi traduzida da
transcrição de uma fita e adaptada para esta série de artigos de A. S. Guimarães
Postado em 18 de setembro de 2023
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