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Série sobre Pureza – Parte VI

A força, glória e fecundidade da castidade

Plinio Corrêa de Oliveira

Por que temos uma ideia magnífica de um guerreiro católico como Godofredo de Bouillon? Porque é que um guerreiro casto como Dom Sebastião de Portugal apresenta uma imagem tão explêndida?

É porque a castidade dá ao guerreiro um esplendor especial. Sua coragem é diferente da do fanfarrão ousado; ele tem uma força de alma na qual seu espírito domina a matéria. Ele entende que a luta é necessária e deseja entrar no combate com uma força que só os homens castos podem ter. Então, ele entra na batalha com um heroísmo católico sábio e inflexível.

A statue of Dom Sebastiao of Portugal

Dom Sebastião, o Rei virgem de Portugal
Na Idade Média existia uma Ordem de Cavalaria, os Cavaleiros Templários, cujos membros pronunciavam quatro votos. Eles fizeram os três votos normais de todas as ordens religiosas – pobreza, castidade e obediência – e depois acrescentaram um quarto. Somente os homens castos têm a coragem de pronunciar este voto: Nunca recuar diante do inimigo.

Mesmo que estivessem em grande desvantagem numérica, isolados dos outros ou prestes a serem feitos prisioneiros, nunca poderiam fugir. Eles tiveram que morrer atacando o inimigo, lutando para derrotá-lo. O resultado: aqueles homens constituíram uma Ordem inexpugnável. Era comum eles vencerem batalhas quando estavam em desvantagem numérica de 10 para 1 ou até mais. Eles venceriam porque não recuaram, e não recuaram porque eram castos.

A castidade dá ao homem uma vontade forte que o homem impuro não possui. O homem impuro, que pisa na lama dos excessos da concupiscência, pode ser um homem ousado que enfrenta este ou aquele perigo, mas não tem aquela determinação que o torna invencível. Ele não pode ser um guerreiro invencível que luta como São Miguel Arcanjo – o guerreiro angelical que derrotou Satanás e seus companheiros e os lançou no Inferno.

Assim, essa castidade não é apenas abster-se do ato sexual. É isto, mas é motivado por um primado do espírito que escolhe o que é melhor, um valor supremo da natureza humana, uma super excelência para o homem. O homem casto domina o que há de mais fraco em si mesmo e o submete ao governo do que é mais forte e mais elevado. Esta ordem interna da sua alma irradia-se na sua própria pessoa, conferindo-lhe a respeitabilidade suprema que pertence ao homem casto e virginal.

A castidade, um fator poderoso de uma civilização

A castidade é, vocês podem compreender, um poderoso fator de civilização. O Reino de Maria será, numa certa perspectiva, a civilização da castidade. Haverá castidade no matrimônio, o que significa fidelidade aos votos conjugais. Haverá também muitas pessoas que renunciarão aos laços do matrimônio para consagrar as suas vidas a coisas mais elevadas em diferentes estados de vida – como sacerdotes, religiosos ou leigos que vivem no mundo.

Será o reinado da castidade do espírito, que, mais do que a castidade do corpo, produz a plenitude da inteligência, a força da vontade e a harmonia interna da alma.

A medieval painting of Templars chasing Muslim warriors

Templários, perseguindo guerreiros muçulmanos em fuga
Encerro esta série afirmando que podemos ver como a castidade é um ornamento tão grande da pessoa humana ao contemplar Nossa Senhora, a maior obra de arte que Nosso Senhor Jesus Cristo fez em todos os séculos. Todas as perfeições combinadas que os homens tiveram e terão até o fim do mundo não são comparáveis à perfeição de Nossa Senhora. Ela é o paradigma mais elevado da humanidade depois de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele considerava indispensável que, entre as suas múltiplas virtudes, ela fosse casta, que fosse virgem mesmo durante o parto. Esta virtude é tão elevada que Ele não queria que ela a perdesse como outras mães. Então, Ele operou um milagre – o nascimento virginal de Nosso Senhor. Nossa Senhora era virgem antes, durante e depois de dar à luz a Ele.

A virgindade tem um lugar de tal destaque entre as virtudes de Nossa Senhora que ficou conhecida como a Virgem par excellence. Na Ladainha de Loreto, ela é aclamada como Sancta Virgo virginum, Santa Virgem das virgens. Ela é para as outras virgens o que elas são para as pessoas que não são virginais. Isto é o que significa Virgem das virgens; é assim que ela é glorificada.

A statue of Our Lady of Fatima

A Virgem par excellence
Quando alguém diz: “A Virgem fez isto ou aquilo,” já se entende que se fala da Virgem par excellence. A virgindade é a mais esplendorosa de todas as virtudes de Nossa Senhora.

Nosso Senhor também queria que Seu pai adotivo fosse virgem. São José fez o voto de castidade perfeita, que manteve durante toda a vida.

Diz-se que a Sagrada Eucaristia é o pão e o vinho que geram virgens. Pela graça de Deus, a Sagrada Eucaristia gera admiração pela pureza e a força para manter este estado.

Manter o estado de pureza é algo difícil e impossível de ser feito sem ajuda sobrenatural. Uma pessoa pode me dizer: “Não consigo manter a pureza.” Eu lhe responderia: “Não se pode preservar a pureza porque ninguém pode, a menos que apele para ajuda sobrenatural e, pela mediação de Nossa Senhora, peça a Nosso Senhor Jesus Cristo a graça necessária para manter este estado.”

Se ele fizer isso, poderá atingir o estado de pureza e preservá-lo. Então, é possível. Pode continuar difícil mesmo assim, mas é possível. Além disso, pode até ser fácil mantê-lo. Por isso – porque a graça existe – o Reino de Maria é algo que se torna possível. É a graça que nos dará muitas gerações puras, gerações castas, que será o fundamento do Reino de Maria.

O Reino de Maria, a civilização da castidade

É por isso que digo que o Reino de Maria será a civilização da castidade. Será o Reino daquela que foi, antes de tudo, Virgem, e cuja fecundidade foi fruto da sua virgindade. Ela não teria sido escolhida para ser a Mãe de Cristo se não fosse Virgem.

O Reino de Maria será o reino da pureza e, como consequência, será o reino das famílias abundantes e fecundas. Será o Reino do sobrenatural, de homens e mulheres de formação casta e forte. Será a Cidade perfeita de Deus, onde a fé dominará o espírito e o espírito dominará a matéria. Será a época da maior glória e esplendor que ocorrerá na História.

É por isso que promovemos a castidade. Não construiremos o Reino de Maria com pedras manchadas e madeira podre. O Reino de Maria não quer nem precisa disso. Este é o lixo que o castigo queimará. É o casto quem vencerá. No Sermão da Montanha, Nosso Senhor afirmou: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5,8). Parafraseio dizendo: “Bem-aventurados os puros, porque eles – e prestem atenção, só eles – verão o Reino de Maria.”

Que Nossa Senhora os ajude a compreender esta verdade e a amá-la, e a dedicar a sua vida a servir Nossa Senhora através da prática da castidade.

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Blason de Charlemagne
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Esta palestra para jovens proferida em 1967 foi traduzida da
transcrição de uma fita e adaptada para esta série de artigos de A. S. Guimarães

Postado em 30 de outubro de 2023

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