Sociedade Orgânica
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O desaparecimento das fazendas familiares
Não gosto da Time Magazine porque seu objetivo quase sempre é promover a Revolução e a agenda progressista. No entanto, um
artigo recente intitulado “Eles estão tentando nos varrer do mapa. Os pequenos agricultores Americanos estão se aproximando da extinção” chamou minha atenção, pois confirma muitos princípios contidos em nossa seção de Sociedade Orgânica.
O desenvolvimento orgânico de uma cidade, região e nação é sustentado pela agricultura, pelos agricultores da região. Como aponta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu artigo Proporção entre a Cidade e o Homem, muitas das primeiras famílias que fundaram as cidades são descendentes de agricultores da região que se mudaram para a cidade. Assim, existiam laços e vínculos familiares entre a cidade e os camponeses.
O que o artigo da Time apontou - e surpreendentemente lamentou - é o triste fato de que pequenas fazendas na América estão morrendo. As mercearias são abastecidas por enormes fazendas industriais das quatro pontas do país - e cada vez mais por outros países ao redor do mundo - em vez de colocar produtos locais.
A pessoa vai a uma mercearia em Wenatchee, capital da maçã dos EUA, e compra suco de maçã proveniente da China em vez de uma fazenda de maçã em Washington. Hoje a China fornece 70% do suco de maçã consumido pelos americanos.
Se adicionarmos à nossa cesta um pote de mel à venda por um preço muito bom, esse mel, no entanto, também vem da China, onde os apicultores usam um antibiótico conhecido como cloranfenicol, que é proibido nos Estados Unidos.
Algumas belas maçãs Gala e uvas Moscatel chamam a sua atenção e são colocadas no carrinho. As maçãs colhidas recentemente” vêm da Nova Zelândia e as uvas são importadas do Chile. A pimenta vermelha cultivada no México é do Peru. Na verdade, a maioria das frutas da América à venda nos mercados agora é importada.
O que ignoramos é que isso geralmente significa que o alimento é colhido menos maduro, é uma marca escolhida pela durabilidade em vez do sabor ou teor de nutrientes, pode conter bactérias transportadas pelo ar, etc. Será que realmente ganhamos com a suposta economia de custos?
Mas há outro perigo maior: se ocorrer uma falha na cadeia de abastecimento devido a um desastre natural ou guerra, onde conseguiremos nossa comida? Todas as fazendas e agricultores locais se foram. Os grandes que se especializam em poucas safras e dependem das exportações para sobreviver não oferecem uma solução.
É para onde a América rural está se dirigindo. “Fique grande ou saia,” disse Earl Butz, Secretário da Agricultura de Nixon, aos agricultores na década de 1970. Em 2019, o Secretário de Agricultura do presidente Trump, Sonny Perdue, ecoa a mesma melodia: “Na América, o grande fica maior e o pequeno desaparece,” disse Perdue na World Dairy Expo em Wisconsin em outubro passado.
A Time relata que “o número de fazendas com mais de 2.000 acres quase dobrou entre 1987 e 2012, de acordo com dados do USDA. O número de fazendas com 200 a 999 acres caiu 44% nesse período.”
Muitos pequenos agricultores americanos estão rotineiramente vendendo suas safras por menos do que custa para produzi-las. “É muito intimidante, a gente trabalha duro todos os dias e, todos os dias, parece que você está sempre lutando,” disse John Rieckmann, um fazendeiro.
A família Rieckmann criou vacas para obter leite por dois séculos em uma cidade no centro de Wisconsin. As 45 vacas em seus estábulos, que antes teriam sustentado a família, não são suficientes hoje. Ele não pode competir com os grandes laticínios.
John esperava deixar a fazenda para seus dois filhos, de 55 e 50 anos, que ainda vivem com eles e administram a fazenda. Mas parece que isso não vai acontecer. Eles estão com dívidas de $ 300.000, precisam de um trator novo e às vezes não conseguem nem pagar a conta da alimentação, muito menos a dívida.
Está se tornando impossível para os jovens continuarem a agricultura familiar, criando suas famílias lá, com pais ensinando seus filhos a arar, criar gado e cultivar, mães ensinando suas filhas a fazer pão, fazer tortas, fazer legumes e cuidar das aves. As esposas trabalham para sustentar a fazenda. As crianças vão para as universidades e oficinas de informática. Eles conseguem empregos em cidades distantes e perdem o contato com a terra, a família, a comunidade e passam a fazer parte das massas anônimas em apartamentos em subúrbios ou cidades.
Nós entendemos o que estamos perdendo? É literalmente o sangue vital de uma família e comunidade.
Como o artigo observa, em breve não haverá fazendas pontuando a paisagem rural da América: “A pequena fazendeira de laticínios Brenda Cochran está preocupada com o futuro de sua comunidade rural na Pensilvânia, à medida que mais fazendeiros desistem. Dois leilões de fazendas vizinhas estão programados para breve. O negócio de fornecimento de refrigeração de laticínios, onde ela compra equipamentos, está à beira do colapso. Os jovens, percebendo o desespero econômico ao seu redor, saem o mais rápido que podem. “Eu vejo isso como uma remoção total - ou extermínio - de nossa classe rural,” diz ela.
“No momento não há nada no horizonte para contornar essas áreas rurais. Os americanos estão cada vez mais se concentrando em algumas áreas metropolitanas. Em 2040, 70% dos americanos viverão em 15 estados. As regiões ao redor das fazendas familiares da América podem se tornar as próximas cidades fantasmas do país.”
A foto acima, de um gato sentado em um velho celeiro, o pasto e as plantações ao fundo, a floresta e as colinas atrás, traz lembranças nostálgicas em alguns moradores da cidade que relembram a antiga fazenda da família.
Mas, mesmo entre esses, a maioria não consegue imaginar uma vida no campo onde o gato pega ratos no celeiro frio em vez de ser mimado como um bebê em casa. Eles não conseguem imaginar uma vida em que você reze por chuva para as plantações durante um período de seca; em vez disso, alheios à comunidade agrícola ao seu redor, eles rezam por um dia de sol para que uma chuva torrencial não estrague o jogo de futebol.
O que estamos perdendo é toda uma mentalidade e um espírito que se nutriu na Europa católica do passado, onde se entendia implicitamente que cada um faz parte de um todo maior. Os remanescentes da vida orgânica da civilização cristã estão rapidamente se dissipando e sendo substituídos por um estilo de vida frio e estéril.
O artigo observa que uma categoria de pequenos agricultores está prosperando, ou seja, os agricultores orgânicos que cobram um prêmio pelas safras e as vendem localmente. Embora isso em si seja bom, também há algo artificial nisso.
Hoje, os alimentos orgânicos se tornaram uma mercadoria para os ricos e modernos. Para a classe baixa e média, implica o sacrifício de outros bens e confortos apenas para poder comprar alimentos de boa qualidade e comer de forma saudável.
Isso é, observo, o oposto da vida orgânica do passado, quando cada homem tinha acesso aos mesmos alimentos saudáveis cultivados em sua região, vendidos a um preço razoável. Havia, como aponta o Prof. Plinio, um equilíbrio entre a vida urbana e a rural em que cada grupo de pessoas se beneficiava do outro e nenhum perdia a perspectiva do outro.
Acredito que as autoridades encarregadas do nosso bem comum devem se esforçar para socorrer toda uma classe que está desaparecendo rapidamente. Não entendo como nossos políticos e líderes religiosos, tão preocupados com os animais e plantas em extinção, permaneçam cegos para toda uma classe social e econômica que está realmente em perigo. Uma classe que se constituiu e ainda constitui um dos elementos importantes de nossa mentalidade americana.
Postado em 9 de novembro de 2020
A fazenda da família - em vias de se tornar obsoleta ...
O que o artigo da Time apontou - e surpreendentemente lamentou - é o triste fato de que pequenas fazendas na América estão morrendo. As mercearias são abastecidas por enormes fazendas industriais das quatro pontas do país - e cada vez mais por outros países ao redor do mundo - em vez de colocar produtos locais.
Morangos 'frescos' dos mercados Asiáticos
Se adicionarmos à nossa cesta um pote de mel à venda por um preço muito bom, esse mel, no entanto, também vem da China, onde os apicultores usam um antibiótico conhecido como cloranfenicol, que é proibido nos Estados Unidos.
Algumas belas maçãs Gala e uvas Moscatel chamam a sua atenção e são colocadas no carrinho. As maçãs colhidas recentemente” vêm da Nova Zelândia e as uvas são importadas do Chile. A pimenta vermelha cultivada no México é do Peru. Na verdade, a maioria das frutas da América à venda nos mercados agora é importada.
O que ignoramos é que isso geralmente significa que o alimento é colhido menos maduro, é uma marca escolhida pela durabilidade em vez do sabor ou teor de nutrientes, pode conter bactérias transportadas pelo ar, etc. Será que realmente ganhamos com a suposta economia de custos?
Mas há outro perigo maior: se ocorrer uma falha na cadeia de abastecimento devido a um desastre natural ou guerra, onde conseguiremos nossa comida? Todas as fazendas e agricultores locais se foram. Os grandes que se especializam em poucas safras e dependem das exportações para sobreviver não oferecem uma solução.
É para onde a América rural está se dirigindo. “Fique grande ou saia,” disse Earl Butz, Secretário da Agricultura de Nixon, aos agricultores na década de 1970. Em 2019, o Secretário de Agricultura do presidente Trump, Sonny Perdue, ecoa a mesma melodia: “Na América, o grande fica maior e o pequeno desaparece,” disse Perdue na World Dairy Expo em Wisconsin em outubro passado.
A Time relata que “o número de fazendas com mais de 2.000 acres quase dobrou entre 1987 e 2012, de acordo com dados do USDA. O número de fazendas com 200 a 999 acres caiu 44% nesse período.”
A pequena fazenda de laticínios não consegue competir com gigantes industriais e importados
A família Rieckmann criou vacas para obter leite por dois séculos em uma cidade no centro de Wisconsin. As 45 vacas em seus estábulos, que antes teriam sustentado a família, não são suficientes hoje. Ele não pode competir com os grandes laticínios.
John esperava deixar a fazenda para seus dois filhos, de 55 e 50 anos, que ainda vivem com eles e administram a fazenda. Mas parece que isso não vai acontecer. Eles estão com dívidas de $ 300.000, precisam de um trator novo e às vezes não conseguem nem pagar a conta da alimentação, muito menos a dívida.
Está se tornando impossível para os jovens continuarem a agricultura familiar, criando suas famílias lá, com pais ensinando seus filhos a arar, criar gado e cultivar, mães ensinando suas filhas a fazer pão, fazer tortas, fazer legumes e cuidar das aves. As esposas trabalham para sustentar a fazenda. As crianças vão para as universidades e oficinas de informática. Eles conseguem empregos em cidades distantes e perdem o contato com a terra, a família, a comunidade e passam a fazer parte das massas anônimas em apartamentos em subúrbios ou cidades.
Combinações em uma fazenda industrial trazem a colheita
Como o artigo observa, em breve não haverá fazendas pontuando a paisagem rural da América: “A pequena fazendeira de laticínios Brenda Cochran está preocupada com o futuro de sua comunidade rural na Pensilvânia, à medida que mais fazendeiros desistem. Dois leilões de fazendas vizinhas estão programados para breve. O negócio de fornecimento de refrigeração de laticínios, onde ela compra equipamentos, está à beira do colapso. Os jovens, percebendo o desespero econômico ao seu redor, saem o mais rápido que podem. “Eu vejo isso como uma remoção total - ou extermínio - de nossa classe rural,” diz ela.
“No momento não há nada no horizonte para contornar essas áreas rurais. Os americanos estão cada vez mais se concentrando em algumas áreas metropolitanas. Em 2040, 70% dos americanos viverão em 15 estados. As regiões ao redor das fazendas familiares da América podem se tornar as próximas cidades fantasmas do país.”
A foto acima, de um gato sentado em um velho celeiro, o pasto e as plantações ao fundo, a floresta e as colinas atrás, traz lembranças nostálgicas em alguns moradores da cidade que relembram a antiga fazenda da família.
Mas, mesmo entre esses, a maioria não consegue imaginar uma vida no campo onde o gato pega ratos no celeiro frio em vez de ser mimado como um bebê em casa. Eles não conseguem imaginar uma vida em que você reze por chuva para as plantações durante um período de seca; em vez disso, alheios à comunidade agrícola ao seu redor, eles rezam por um dia de sol para que uma chuva torrencial não estrague o jogo de futebol.
Uma vila da Baviera:
cidade e campo harmonicamente ligados
O artigo observa que uma categoria de pequenos agricultores está prosperando, ou seja, os agricultores orgânicos que cobram um prêmio pelas safras e as vendem localmente. Embora isso em si seja bom, também há algo artificial nisso.
Hoje, os alimentos orgânicos se tornaram uma mercadoria para os ricos e modernos. Para a classe baixa e média, implica o sacrifício de outros bens e confortos apenas para poder comprar alimentos de boa qualidade e comer de forma saudável.
Isso é, observo, o oposto da vida orgânica do passado, quando cada homem tinha acesso aos mesmos alimentos saudáveis cultivados em sua região, vendidos a um preço razoável. Havia, como aponta o Prof. Plinio, um equilíbrio entre a vida urbana e a rural em que cada grupo de pessoas se beneficiava do outro e nenhum perdia a perspectiva do outro.
Acredito que as autoridades encarregadas do nosso bem comum devem se esforçar para socorrer toda uma classe que está desaparecendo rapidamente. Não entendo como nossos políticos e líderes religiosos, tão preocupados com os animais e plantas em extinção, permaneçam cegos para toda uma classe social e econômica que está realmente em perigo. Uma classe que se constituiu e ainda constitui um dos elementos importantes de nossa mentalidade americana.
Postado em 9 de novembro de 2020
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